sábado, 19 de março de 2011

As ervas daninhas do "jardim à beira-mar plantado".

Tenho visto, lido e ouvido muita coisa acerca da nossa geração e do que o futuro nos reserva.
Posso-vos confessar que a quase totalidade dessas diatribes me deixou num estado de profundo desânimo quanto à crença que tenho na nossa capacidade de alterarmos o curso do devir.

Tentarei ser o mais objectivo possível quanto aos motivos que estão na base desta minha opinião.


Vivemos um período de desorientação aos mais diversos níveis: uma economia que não acelera no sentido da recuperação (questiono-me se, mesmo após uma breve euforia conducente à, e resultado da, adesão à Comunidade Europeia em 86, algum dia terá arrancado); um Governo que tenta manter o guarda-chuva das medidas de austeridade intacto, tentando resistir ao vendaval da ajuda externa; uma Oposição que aperta a mão à estabilidade governativa e que, com a outra, segura firmemente, músculos prontos a libertar toda a sua tensão num golpe preciso e enraivecido, a faca de dois gumes das eleições antecipadas...enfim, toda uma panóplia de cenários que deixariam Goya com os olhos a brilhar de satisfação, tantas as fontes de inspiração para novas obras-primas.

No meio disto tudo o que nos resta? O que resta a uma geração condenada a suportar um período (que se afigura longo) de sacrifício e a pagar pelos erros que não cometeram, por más decisões tomadas por sucessivos governos, de esquerda, direita, centro-direita, centro-centro, centro-esquerda, e de todas as combinações possíveis destas três palavras. Porque é de isso que se trata: Palavras apenas. Longe vão os tempos em que estas palavras tinham uma conotação séria e familiar com formas de fazer política e de levar a cargo a árdua tarefa de governar os destinos de uma nação.

O que resta a uma geração descendente de empresários que julgavam que os fundos europeus destinados à modernização do tecido industrial nacional e à qualificação do capital humano eram um embrião do que agora é o Euromilhões e os esbanjaram, ostentosamente, em belos carros, espaçosas moradias e entusiasmantes férias em paragens mais "amenas"?

Resta-nos a consciência de que teremos de ser nós a alterar esta realidade.
Resta-nos o direito de exigir explicações a quem hipotecou uma boa parte das nossas vidas.

Resta-nos a capacidade inata que cada ser humano tem de se indignar.

É com pesar que vejo pessoas bem colocadas, afluentes, em alguns casos por mérito próprio (e aí não haverão muitos dedos que tenham coragem de se lhes apontarem), noutros por acasos felizes (as fortunas costumam ser como doenças crónicas: hereditárias), criticarem manifestações de descontentamento de grupos de jovens que serão, no futuro, a geração que tomará as rédeas do país.

É com um incomum sentimento de distanciamento (porque, apesar de tentar absorver sempre o melhor de qualquer discordância, não me posso conotar com formas de pensar tão díspares das que fui elaborando ao longo do meu curto percurso de vida) que olho para comentários sobre a manifestação de milhares de jovens de todo o país em que, vá-se lá saber porque tipo de inspiração hitleriana, se afirma à boca cheia que aqueles não têm o direito de reclamar porque o sistema educativo nacional não os prepara para o mercado de trabalho e que como tal, não devem ser considerados úteis à nossa economia. Mandem formar já os pelotões de fuzilamento! Temos um grande trabalho de "limpeza social" pela frente...


Mais uma vez, não quero ser mal compreendido. Temos, de facto, inúmeros problemas a nível do nosso sistema educativo apesar de ainda, felizmente, continuarmos a formar profissionais que se destacam internacionalmente nas suas áreas de especialidade. Obviamente que toda a culpabilidade não pode ser imputada ao sistema de ensino, mas pensem que uma quota parte dela sem dúvida pode, logo, cabe ao Estado corrigir esses "erros crassos" que são os licenciados desempregados. Cabe à nossa classe política exigir mais das nossas instituições de ensino. Maior rigor, melhores conteúdos, métodos de divulgação de conhecimento mais modernos e amplamente acessíveis. Porque os futuros dirigentes nacionais têm se ser formados para se adaptarem a realidades futuras que, por mais que queiramos dourar a pílula, serão inevitavelmente mais exigentes e inexoráveis. E todos temos o direito de exigir isso em prol da nossa geração e das gerações vindouras.


O nosso país sofre de uma crise de identidade profunda. Perdeu-se a aguerrida resistência e espírito de sacrifício dos tempos de Viriato e da senhora de bigode e pá na mão de Aljubarrota, desvaneceu-se o fulgor aventureiro e a vontade de conquista das gerações de 400 e 500, extinguiu-se a chama revolucionária dos homens e mulheres de Abril...

Grande parte da nossa história é composta por narrativas grandiosas sobre a vontade popular e as suas vitórias sobre dominações e constrições internas ou externas.

Retirem-nos a vontade de lutar por um ideal futuro, de defendermos direitos inalienáveis, como o direito ao emprego, e trivializem o direito das massas à indignação e terão uma nação e um país facilmente governáveis.

Mas não uma com a qual me identificasse e não um ao qual poderia chamar lar pátrio.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

The time has come!

"There is no stopping an idea whose time has come." - Victor Hugo

The wheels of History are turning again.
We are undergoing massive changes in our world, in the global reality that many held dear and thought to be stable and not prone to mutation.

We hear the cries for freedom getting louder and louder with every passing day.
People start to gather around the idea of a better future filled with new opportunities, a tomorrow where they can pursue what is theirs by birthright: the ability to seize their own lives and follow their own paths.

This is wider and further reaching than many predicted it could be.

It transcends religious beliefs and cultural traditions. It can't be barred at borders. It is not frightened by shouting guns and smoking barrels. It won't be smothered by brainwashing tactics.

The time has come for those who want to make the difference.
The time has come for those who endure forceful hardship to say "I've had enough!".

The People moves at its own pace. Many times it just drags its feet around. But when it speeds its pace up, it shakes the grounds of history like a stampede of fearsome buffaloes.
And its march has started again.

It won't be oppressed anymore.
No curfew, no beating, no gunshot can hamper its relish for change.

And though many lose their lives in the process, the movement doesn't get crippled.
For it is larger than life. For it can always endure the blows it takes...For you can kill the idealists but not the ideal.

This is but a humble statement of principles and a hommage to the peoples of Tunisia, Egypt, Bahrein, Lybia and all those in the wake of this wave of change.

We are witnessing History on the making once more.
When I pass away, let those who stay on this world say that we lived through those events that our sons and grandsons learned about in their History classes. And may we, and especially them, learn from Mankind's mistakes and its attempts, successful or not, to correct them for the benefit of all.

Lets just hope that the wheels keep turning. For the better or worse, we have to let them turn...





terça-feira, 2 de novembro de 2010

Circle of hounds

Life is a pit where hounds fight.

bark, scracth, bite.

Hear the roaring, bloodthirsty crowd.

bark, scratch, bite.

Bets placed, money waved.

bark, scratch, bite.

Instinct dominates, anger appropriates.

bark, scratch, bite.

The stench of sweat, the taste of blood.

bark, scratch, bite.

Until only one remains.

bark, scratch, bite.




terça-feira, 21 de setembro de 2010

Faz de conta que estás em casa!

Há algum tempo atrás, estava a conversar com um grande amigo meu sobre um assunto não muito agradável e, num determinado ponto da conversa surgiu uma questão sobre a qual nenhum de nós tinha ainda cogitado muito (aliás, nem muito nem pouco porque é, pura e simplesmente, daquelas coisas que "não lembram ao Diabo"!).

Em traços muito gerais, estávamos a debater níveis de confiança que amigos e convidados podem ter quando se encontram na casa de outrem e como se podem medir esses mesmos níveis de uma forma mais ou menos fiável.

Chegamos a uma conclusão interessantíssima! Mas, antes de mais, vou enunciar, muito rapidamente, as premissas em que baseamos a nossa breve análise:

1. Os indivíduos estranhos ao ambiente considerado têm de ter um grau mínimo de conhecimento dos donos desse mesmo ambiente;

2. Foram consideradas pessoas de ambos os sexos, dos mais variados quadrantes sociais e dos mais diversos credos religiosos (não fossem acusar-nos de descriminação);

3. Foram tomadas em linha de conta as mais diversas situações sociais onde a inclusão dos indivíduos nos ambientes em causa pudesse acontecer (visita casual, festas de várias índoles, etc.)

Basicamente, a conclusão a que chegamos foi esta:

- Podemos considerar que alguém tem confiança (muita confiança mesmo!!) connosco ou com os nossos familiares quando, pasme-se, abre o nosso frigorífico sem pedir permissão da primeira vez que o abre!!

Senão vejamos: consideremos o vosso frigorífico lá de casa como a vossa "reserva pessoal de alimentos".

Nas sociedades primitivas, as reservas de alimentos eram muito bem guardadas porque poderiam significar a sobrevivência, ou não, das comunidades ( fossem elas mais, ou menos, organizadas).
Mais ainda, eram ainda distribuídas com alguma parcimónia para que todos os membros pudessem beneficiar desses produtos essenciais. Ora, a um nível do nosso subconsciente mais primário poderemos considerar que um agregado, familiar ou não, ainda olha para o frigorífico da mesma forma. Logo, se alguém tem confiança suficiente para se socorrer da nossa reserva de alimentos, poderemos considerá-lo como um membro desse mesmo agregado e, por conseguinte, alguém com quem temos bastante confiança.

Perante tão interessantes conclusões, decidimos ir um pouco mais além e elaboramos uma espécie de análise comportamental que define uma gradação para os diferentes níveis de confiança que alguém pode apresentar:

1ºNível - O indivíduo pergunta-nos algo do género "tens água fresca?". Mesmo que esteja interessado em beber sumo.

2ºNível - O indivíduo pergunta-nos "tens algo fresco que se beba?" Aqui já dá a entender que pode não estar apenas à procura de H2O...

3ºNível - Marcado por questões como "mano, posso ver se tens alguma coisa que se beba fresca?". O indivíduo remete, implicitamente, para a vontade que tem de vasculhar o nosso frigorífico, sem a nossa ajuda.

4ºNível - O indivíduo não nos pergunta nada, apenas endereçando um aviso indirecto de que pretende aceder ao nosso frigorífico utilizando expressões como "Ora vamos lá ver o que é que tens aqui..."

5ºNível - Nível máximo de confiança. O indivíduo apenas se dirige ao frigorífico e retira o que necessita. Geralmente não comunica com os donos do frigorífico e se o faz recorre a expressões que deixam aqueles sem grande margem de manobra como, por exemplo, "Mano, tirei-te um sumo do frigorífico. É na boa não é?"

Por isso, se querem testar os vossos amigos, levem-nos para o pé do vosso frigorífico e deixem a natureza humana fazer o resto.




quarta-feira, 15 de setembro de 2010

untitled

We march.
For the sake of what we are,
we march.
For the nurturing of our souls,the cleansing of our spirits,
we march.

We know no boundaries except for the ones in our hearts.
We cross them.

Appearing lost,
we find ourselves.
Walking,
we thrive.

In obstacles we stumble,
through hardships we walk.
Yet the march,
endures.

We hear, we see, we feel,
the tides of change sweeping us off our feet.
We withstand them.

Defying fate,
we regain faith.
In ourselves, in what we are,
in what we've become.

This is why,
we march.
For us,
no one else.

Here, now,
our march will go on.






sexta-feira, 10 de setembro de 2010

The cuttest little thing!!

http://www.maniacworld.com/baby-wolf-learning-to-howl.html

Ok...também tenho um coração e ele também se derrete de tempos a tempos...processem-me!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Foi a mim que espetaram uma estaca no coração!


Este é um post que ando já há algum tempo para fazer, sobre um tema que para mim é sério demais e que tenho vindo a discutir longamente com algumas pessoas mais próximas, quer em amizade, quer em inquietação sobre a temática em causa.







O ponto de partida da discussão é, aparentemente, muito simples: Vampiros.


Não sei que tipo de imagens percorrem a vossa massa encefálica quando lêem aquela palavra mas eu vou dizer-vos o que vai na minha mente de cada vez que fazem referência àquelas criaturas:


Mortos-vivos com um desejo insaciável por sangue (alimento, aliás, indispensável à sua boa condição física), preferencialmente humano, com uma força, rapidez e agilidade sobrenaturais e com um gosto intratável pelo gore. E, se adicionarmos a este preparado umas pitadas de luxúria e sensualidade, umas pinceladas de crueldade e maldade intrínsecas e um sentido de humor mais negro do que um álbum dos Cradle of Filth conseguimos criar um dos monstros mais carismáticos do folclore ocidental (agradeçamos sobretudo ao Sr. George Bernard Shaw, a.k.a. Bram Stoker por esta bela receita).

Até aqui tudo bem, certo?
Errado!!!

Estaria tudo bem se alguém me conseguisse explicar porque raio é que alguém se lembrou de transformar um dos símbolos do terror mais proeminentes da história da humanidade, num ídolo pop para delícia de milhões que atravessam a tortuosa cordilheira da puberdade!

Luas novas ou vermelhas, eclipses ou academias de vampiros são demasiado para a minha pobre cabecinha tolerar!

Filmes de duas horas onde se conseguem juntar vampiros e lobisomens (outro clássico do mundo das trevas cuja vil tentativa de deturpação me fere a alma) e onde o único sangue derramado é o da protagonista, atacada brutalmente por uma..folha de papel?!?! O que é que aconteceu aos bons-velhos mares de sangue? Às orgias de mutilações, aos perturbadores concertos de gritos de dor e desespero? Não caríssimos!!! Agora os vampiros importam-se mais em satisfazer as suas namoradinhas (humanas, pasme-se) com votos de amor para além da tumba* e tiradas românticas tão lamechas que até originariam surtos de vergonha alheia à Heidi! Aqui estou indeciso entre o que me causa mais refluxos gástricos: mortes absurdamente violentas ou monstros sanguinários que lêem a revista BRAVO...


Séries onde os vampiros aprendem a viver em sociedade e onde treinam as técnicas de caça e alimentação mais eficazes?! O quê, a seguir vão começar a dar cursos de fotografia nocturna para sanguessugas?! Ah não, esperem, esta nova geração de vampiros consegue caminhar durante o dia sem qualquer tipo de consequências nefastas para os seus poderes sobrenaturais! E reparem na delícia deste pequeno detalhe, brilham quando expostos aos raios solares(vou desconfiar seriamente da próxima miúda que vir a usar brilhantes como maquilhagem...)!

Não sei o que me preocupa mais, se o facto de estarem a deturpar completamente a essência de um dos monstros mais bem conseguidos e interessantes da história do horror ou se, nessa demolidora ânsia de vulgarizar e humanizar a raça vampírica, estão a torná-la numa moda, num produto de consumo rápido para adolescentes que em vez de saborearem uma agradável dose de medo com boas estórias ou filmes de terror, gostariam de ser (ou ter) um vampiro (como amigo ou algo mais...).

Sr. Shaw, imagino que deva estar a dar voltas na sua cova mas, caso seja necessário, eu já tenho uma técnica quase infalível para a caça desta nova espécie de vampiros: uma demolidora mensagem no mural do facebook da besta em causa..."água-benta"!



*aqui poderiam confrontar-me com o facto de o brilhante "Drácula" de Bram Stoker ser, no fundo, uma história de amor eterno pelo que julgo conveniente antecipar esses reparos: Sejamos honestos, há uma grande diferença entre um clássico intemporal, onde o tema do amor é abordado sobre uma perspectiva adulta e um pouco negra e filmes onde aparecem miúdas a querem ser desfloradas por um boneco de porcelana gigante com caninos um pouco grandes demais para uma dentição dita normal e com problemas existenciais típicos da "idade do armário".