segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Foi a mim que espetaram uma estaca no coração!


Este é um post que ando já há algum tempo para fazer, sobre um tema que para mim é sério demais e que tenho vindo a discutir longamente com algumas pessoas mais próximas, quer em amizade, quer em inquietação sobre a temática em causa.







O ponto de partida da discussão é, aparentemente, muito simples: Vampiros.


Não sei que tipo de imagens percorrem a vossa massa encefálica quando lêem aquela palavra mas eu vou dizer-vos o que vai na minha mente de cada vez que fazem referência àquelas criaturas:


Mortos-vivos com um desejo insaciável por sangue (alimento, aliás, indispensável à sua boa condição física), preferencialmente humano, com uma força, rapidez e agilidade sobrenaturais e com um gosto intratável pelo gore. E, se adicionarmos a este preparado umas pitadas de luxúria e sensualidade, umas pinceladas de crueldade e maldade intrínsecas e um sentido de humor mais negro do que um álbum dos Cradle of Filth conseguimos criar um dos monstros mais carismáticos do folclore ocidental (agradeçamos sobretudo ao Sr. George Bernard Shaw, a.k.a. Bram Stoker por esta bela receita).

Até aqui tudo bem, certo?
Errado!!!

Estaria tudo bem se alguém me conseguisse explicar porque raio é que alguém se lembrou de transformar um dos símbolos do terror mais proeminentes da história da humanidade, num ídolo pop para delícia de milhões que atravessam a tortuosa cordilheira da puberdade!

Luas novas ou vermelhas, eclipses ou academias de vampiros são demasiado para a minha pobre cabecinha tolerar!

Filmes de duas horas onde se conseguem juntar vampiros e lobisomens (outro clássico do mundo das trevas cuja vil tentativa de deturpação me fere a alma) e onde o único sangue derramado é o da protagonista, atacada brutalmente por uma..folha de papel?!?! O que é que aconteceu aos bons-velhos mares de sangue? Às orgias de mutilações, aos perturbadores concertos de gritos de dor e desespero? Não caríssimos!!! Agora os vampiros importam-se mais em satisfazer as suas namoradinhas (humanas, pasme-se) com votos de amor para além da tumba* e tiradas românticas tão lamechas que até originariam surtos de vergonha alheia à Heidi! Aqui estou indeciso entre o que me causa mais refluxos gástricos: mortes absurdamente violentas ou monstros sanguinários que lêem a revista BRAVO...


Séries onde os vampiros aprendem a viver em sociedade e onde treinam as técnicas de caça e alimentação mais eficazes?! O quê, a seguir vão começar a dar cursos de fotografia nocturna para sanguessugas?! Ah não, esperem, esta nova geração de vampiros consegue caminhar durante o dia sem qualquer tipo de consequências nefastas para os seus poderes sobrenaturais! E reparem na delícia deste pequeno detalhe, brilham quando expostos aos raios solares(vou desconfiar seriamente da próxima miúda que vir a usar brilhantes como maquilhagem...)!

Não sei o que me preocupa mais, se o facto de estarem a deturpar completamente a essência de um dos monstros mais bem conseguidos e interessantes da história do horror ou se, nessa demolidora ânsia de vulgarizar e humanizar a raça vampírica, estão a torná-la numa moda, num produto de consumo rápido para adolescentes que em vez de saborearem uma agradável dose de medo com boas estórias ou filmes de terror, gostariam de ser (ou ter) um vampiro (como amigo ou algo mais...).

Sr. Shaw, imagino que deva estar a dar voltas na sua cova mas, caso seja necessário, eu já tenho uma técnica quase infalível para a caça desta nova espécie de vampiros: uma demolidora mensagem no mural do facebook da besta em causa..."água-benta"!



*aqui poderiam confrontar-me com o facto de o brilhante "Drácula" de Bram Stoker ser, no fundo, uma história de amor eterno pelo que julgo conveniente antecipar esses reparos: Sejamos honestos, há uma grande diferença entre um clássico intemporal, onde o tema do amor é abordado sobre uma perspectiva adulta e um pouco negra e filmes onde aparecem miúdas a querem ser desfloradas por um boneco de porcelana gigante com caninos um pouco grandes demais para uma dentição dita normal e com problemas existenciais típicos da "idade do armário".

3 comentários:

Mario João Castro disse...

haha, muito bom amigo Tiago! Gostei de ler e ainda mais da conclusão!

ah, e é obvio que um vampirooo é um ser muito bomzinho para os adolescentes de hoje em dia! Ta tudo correcto, nós é que andamos a ver mal! haha :D

rita disse...

esta fantástico tiii...
:D

Caixeira Psicóloga disse...

Eu também continuo sem perceber o porquê de quererem "deteriorar" a imagem dos vampiros juntando-os a seres humano numa história de amor sem cabimento. e eu a julgar k os vampiros nem podiam sentir o amor. Acredito k xegaremos a um ponto em que todos os adolescentes deixarão de ter pesadelos ou os os filmes de terror passarão a ser comédias pelo simples facto de que todos os maus personagens se terem tornado bonzinhos e se terem apaixonado por uma miúda qualquer do liceu...